Veterinários pelo mundo – Mariana

Olá leitores! O meu nome é Mariana e sou uma veterinária portuguesa que está atualmente a trabalhar com animais aquáticos na ensolarada ilha caribenha de Curaçao.
Formei-me em medicina veterinária em 2014 na UTAD, em Vila Real. Desde criança que sabia que iria trabalhar com mamíferos marinhos e por isso dediquei os meus anos na universidade a aprender, na medida do possível, sobre medicina de mamíferos marinhos. Participar em conferências e em cursos especiais sobre o tema foi uma ótima forma de começar a relacionar-me com veterinários e profissionais desta área. A minha tese de mestrado incidiu sobre a composição do leite de golfinhos e as orientações iniciais para a criação de banco de leite zoológico e foi escrita enquanto fazia o meu estágio clínico no Zoomarine, em Portugal. Apresentei-a na Conferência da EAAM de 2015 na Suécia e foi lá que descobri esta pequena ilha ao largo da costa da Venezuela.
Três meses mais tarde, comecei o meu primeiro trabalho em Curaçao como veterinária e treinadora de golfinhos. Esta dupla experiência profissional foi muito interessante e desafiante – apercebi-me que passei imenso tempo a aprender sobre as doenças dos golfinhos, mas que não sabia muito sobre o seu comportamento habitual e interações sociais. Como era também o meu primeiro ano após faculdade, decidi complementar os meus conhecimentos e capacidades através de uma experiência de voluntariado numa clínica de pequenos animais e de exóticos que também trabalhava na reabilitação da fauna selvagem! Um ano mais tarde, fui contratada como veterinária em part-time.
Isto manteve-me sempre bastante ocupada (a maior parte das minhas semanas tinha apenas meio dia de folga) e, até agora, tudo isto me parece um sonho. Claro que nada disto foi conseguido sem alguns desafios… Atravessei o Atlântico sozinha e não demorou muito até sentir saudades da minha família, dos meus amigos e da sensação de estar em casa. Curaçau tem uma forte influência cultural holandesa que convive com a cultura afro-caribenha – e estas duas realidades não podiam ser mais diferentes! A adaptação não foi, por isso, uma tarefa fácil. Posso dizer que levei dois anos até me sentir completamente adaptada à ilha, principalmente devido à sua componente social. A aprendizagem do holandês (língua oficial na ilha) acabou por ser mais fácil do que o esperado e o Papiamento (língua oficial local) é muito semelhante ao português e ao espanhol, pelo que foi divertido aprender novas palavras.
Estou em Curaçao há 5 anos e agora sou veterinária chefe do aquário local, o que implica cuidar de uma fantástica família de golfinhos, leões marinhos, tubarões-leão, tartarugas verdes e tartarugas-torcaz, arraias do sul e centenas de espécies de peixes das Caraíbas. O meu trabalho não poderia ser mais diversificado, desafiante e gratificante! Estar nesta pequena ilha ensolarada também tornou possível estabelecer relações com inúmeras pessoas de origens e culturas diferentes! Todas as experiências e conhecimentos de vida que reuni são especiais e únicos! Isso faz com que toda esta experiência valha a pena e a verdade é que todas as lições, fáceis e difíceis, fizeram de mim uma melhor veterinária, e mais do que isso, um melhor ser humano.
Olhando para trás, considero que esta foi a melhor decisão que tomei para a minha carreira e para a minha vida pessoal. Espero que a minha história vos ajude a desafiarem-se a e a aproveitarem para seguir aquela oportunidade fora da vossa zona de conforto.