Veterinários pelo mundo – Joana

13 June 2023 -

O meu nome é Joana Pereira e sou natura de Portugal. Terminei o curso de medicina veterinária em Julho de 2017 e iniciei o meu primeiro emprego em Outubro do mesmo ano em Galway, na Irlanda, numa clínica mista em que 90% do trabalho incidia sobre a área de medicina equina, nomeadamente reprodução.

A fase inicial desta experiência não foi simples, o sotaque irlandês não é o mais fácil de compreender e tinha que estudar muito fora do meu horário de trabalho para conseguir corresponder às expectativas. Foram necessários alguns meses até me conseguir adaptar à clínica, aos clientes e a ser autónoma nas minhas decisões. Lentamente, o meu patrão foi-me atribuindo mais e mais responsabilidades e liberdade clínica, mas esteve sempre presente quando precisava de apoio.

Neste tipo de empregos em ambiente rural, as equipas são por norma bastante pequenas e os dias são longos, mas estava disposta a fazer o sacrifício para trabalhar na área de equinos. Algo que Portugal, infelizmente, não possibilitou.

Com o avançar da época reprodutiva os dias foram ficando mais longos, mas eu fui também fui crescendo como veterinária. Aprendi a reconhecer os meus erros e a corrigi-los antecipadamente, a improvisar, a pensar rápido em situações de stress e a ser eficiente.

Fiquei nesta posição durante dois anos e gostei muito. Evoluí tanto como pessoa como médica veterinária. Tive a sorte de ter um grupo de clientes e de trabalho com um ambiente muito acolhedor e familiar- a verdade é que diversas vezes o trabalho tornou-se divertido.

Obviamente, este início numa clínica mais pequena teve os seus desafios. Numa fase inicial foi extremamente difícil fazer amizades ou ter uma vida social e tinha alguma ansiedade durante as minhas horas de trabalho por ter falta de confiança nas minhas decisões clínicas. Com o tempo, fui ficando mais confiante e a verdade é que os Irlandeses são tão simpáticos e fiz tantos amigos que decidi ficar mais um ano que o previsto.

Mais tarde, a falta de meios diagnósticos e as restrições económicas foram um dos fatores que contribuíram para a minha saída. Os horários eram muito longos, o que pode ser visto como uma desvantagem mas a verdade é que numa fase inicial quanto mais casos vemos mais aprendemos – essa é uma das vantagens de uma grande casuística.

Em resumo gostei muito da experiência além de me ter dado uma grande base de clínica equina de primeira opinião, também me deu algumas bases de ruminantes e abriu-me portas para outras oportunidades. Preparo agora ansiosamente as minhas futuras aventuras, feliz por saber que tenho sempre uma segunda casa em Galway.