Sedação e anestesia em gatos
Em medicina (veterinária e humana) é muitas vezes necessário recorrer à sedação e anestesia para realizar procedimentos minimamente invasivos ou menos toleráveis.
Esta revisão clínica focou-se em casos de gatos, onde esta prática é relativamente comum. O protocolo adotado é altamente dependente do indivíduo e a decisão entre anestesia geral ou PSA (“Procedural Sedation and Anesthesia”) deve ser feita apenas após reflexão. Além de se avaliarem as vantagens e desvantagens de cada procedimento, deve ser feito um exame clínico rigoroso ao animal. Como tal, a adoção de medidas cat-friendly e a recomendação de sedativos orais (como gabapentina ou trazadona) antes da consulta veterinária, deverão ser considerados para diminuir o stress e a ansiedade em alguns casos.
Sabe-se que o risco de morte devido a procedimentos anestésicos é maior nos gatos que nos cães, estando a raça Himalaia associada a um maior risco de complicações devido à sua conformação braquicefálica. Outros fatores, como a idade, o peso, o tipo de procedimento, o protocolo anestésico e outros descritos neste artigo, também deverão ser tidos em consideração.
Antes de realizar uma PSA, deverão identificar-se os fatores de risco, preparar o material necessário e calcular as doses de fármacos a utilizar em caso de emergência. A neuroleptanalgesia (combinação de um opioide analgésico e de um tranquilizante/sedativo) é recomendada, não só pelo maior grau de sedação e analgesia que proporciona e pela melhor qualidade de recuperação, mas também devido ao menor número de efeitos cardiopulmonares reportados (em comparação com o que se verifica quando os mesmos fármacos são administrados individualmente, em doses semelhantes). Há, porém, alguns casos em que a escolha apenas de opioides ou a combinação destes com benzodiazepinas é mais indicada.
Nesta revisão são detalhados vários protocolos de PSA em gatos. Entre algumas das considerações apresentadas, pode ler-se que as combinações com dexmedetomidina podem afetar as interpretações ecocardiográficas, que a acepromazina não é recomendada em pacientes com hipovolemia, desidratação ou alto risco de hemorragia e que o propofol causa depressão cardiorrespiratória dose-dependente.
Os autores enfatizam a importância da monitorização dos animais, no mínimo três horas após o término do procedimento, já que a maioria das complicações ocorre durante esse período. É também importante considerar que fatores como a temperatura corporal, a dor e a duração do procedimento influenciam a recuperação.
Simon, Bradley T. and Steagall, Paulo V. Feline procedural sedation and analgesia. Journal of Feline Medicine and Surgery (2020) 22, 1029–1045. DOI: 10.1177/1098612X20965830