O burnout em veterinários: o que fazer para o evitar / prevenir? 

3 September 2024 -

A profissão de veterinário, tal como outras profissões relacionadas com a saúde, como médicos ou enfermeiros, está associada a níveis elevados de stress. 

O denominado “síndrome de burnout” em veterinários pode ser definido como uma resposta ao stress laboral crónico que se manifesta da seguinte forma: 

  • Recorrente sensação de falta de energia e cansaço  
  • Esgotamento emocional 
  • Baixa autoestima 
  • Despersonalização ou desenvolvimento de atitudes de insensibilidade ou cinismo para com os pacientes 
  • Sensação de ineficácia e falta de realização 

No universo veterinário assistimos a elevados níveis de pressão laboral, sustentada por inúmeros fatores de stress como longas jornadas de trabalho, remuneração económica nem sempre adequada, responsabilidade de “salvar vidas”, necessidade de comunicar más notícias, interação com o cliente, decisões médicas por vezes influenciadas pelos orçamentos dos clientes, escassa conciliação familiar, erros médicos, entre outros. 

A Federação de Veterinários da Europa (FVE), com o apoio da CM Research, revelou os resultados do terceiro Inquérito à Profissão Veterinária na Europa, que contou com 12 397 respostas de 37 países europeus, membros da FVE. 

Estes resultados demonstram que os níveis de stress estão a aumentar, com mais de 90% dos inquiridos a confirmar estar sob essa condição. Quase 23% da amostra experienciou mais de duas semanas de ausência laboral devido a depressão, burnout ou exaustão nos últimos três anos. 

Adicionalmente, é importante ressalvar que o stress prolongado pode conduzir a outras consequências como fraqueza do sistema imunitário, insónias, dores de cabeça, níveis de glicose acima da média, irritação exagerada, entre outros. 

É, por isso, de grande importância identificar os fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento de “burnout” em veterinários, a começar pela identificação dos sinais que permitam uma identificação atempada. 

Como prevenir e gerir o burnout em veterinários? 

  • Definir claramente as funções e responsabilidades de cada colaborador 
  • Fomentar a comunicação e o trabalho em equipa: criar espaços e momentos onde os colaboradores possam expressar as suas ideias, preocupações ou sugestões e realizar reuniões de equipa onde se promova uma participação ativa 
  • Apostar na formação dos veterinários no âmbito da gestão do cliente, psicologia e comunicação com o proprietário do animal 
  • Otimizar os momentos de descanso e realizar pausas ativas com o objetivo de aliviar a tensão física e mental 
  • Promover programas de formação e desenvolvimento: a aprendizagem contínua, nomeadamente através de cursos de curta duração ou pós-graduações pode aumentar a satisfação laboral e reduzir o stress relacionado com a falta de progressão profissional. 
  • Analisar os casos concretos de burnout em veterinários, para que possam ser implementadas diferentes estratégias a nível individual, grupal e organizacional- Não esquecer a vida social e hábitos individuais saudáveis: praticar exercício, comer de forma saudável, hidratar-se bem são algumas das boas práticas. É de extrema importância procurar formas de apoiar o pessoal clínico através de iniciativas que promovam o bem-estar e a saúde mental. É também importanter criar um espaço seguro para que os profissionais de veterinária possam expressar-se, bem como oferecer-lhes ferramentas úteis para aplicarem no seu dia-a-dia com o objetivo de prevenir o abandono da profissão. 

A consciencialização para o “burnout” em profissionais do setor veterinário é fundamental para a deteção atempada dos primeiros sinais de esgotamento. 

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