Guias para o diagnóstico de Hiperestesia Felina

13 June 2023 -

Ainda há muito para aprender sobre a Síndrome de Hiperestesia Felina (FHS), uma condição complexa caracterizada por sinais clínicos como enrugamento da pele da zona lombar (skin rippling), episódios de corridas e saltos, vocalizações excessivas e perseguição da causa (tail chasing). Continua a haver opiniões contraditórias entre os especialistas no que diz respeito à definição desta síndrome: alguns consideram que a mutilação da cauda é um sinal clínico, enquanto outros a veem como uma entidade diferente, associada a dor neuropática.

Este estudo retrospetivo pretendeu apresentar uma abordagem multidisciplinar que permitisse aos médicos veterinários saber como proceder na presença de sinais clínicos compatíveis com esta síndrome. Para tal, os investigadores avaliaram a história e apresentação clínica, bem como os procedimentos diagnósticos efetuados e a terapêutica instituída em casos presentes em duas bases de dados de hospitais de referência – os critérios de inclusão no estudo foram história de ataques ou over-grooming na cauda associada a vocalização e/ou enrugamento da pele (skin rippling) lombar.

As incertezas sobre a etiopatologia e os sistemas envolvidos na manifestação dos sinais clínicos pode explicar a tendência atual para tentar vários tratamentos, muitos sem sucesso ou até irreversíveis (amputações da cauda) que poderiam ser evitados se o caso fosse referido para um especialista em comportamento.

Alguns colegas consideram que a FHS se inicia por um comportamento deslocado cuja evolução leva a um transtorno compulsivo. Partindo desta premissa, os protocolos de modificação comportamental e a psicoterapia poderiam ajudar. Em muitos casos há melhorias significativas, mas também há outros em que a combinação com fármacos anti-inflamatórios e imunossupressores é a única forma de conseguir a remissão total dos sinais clínicos.

Também há quem defenda que a Hiperestesia Felina é uma forma de epilepsia idiopática, caracterizada por convulsões focais. Esta hipótese é suportada pela resposta satisfatória a protocolos que incluem a administração de gabapentina e ao topiramato.

Apesar das limitações deste estudo pela sua natureza retrospetiva e pela amostra limitada, este artigo inclui não só uma análise dos casos estudados, mas também um diagrama com indicações do que fazer consoante os sinais manifestados e os resultados obtidos nos diferentes exames complementares sugeridos.

Amengual Batle P. et al. Feline hyperaesthesia syndrome with self-trauma to the tail: retrospective study of seven cases and proposal for integrated multidisciplinary diagnostic approach. Journal of Feline Medicine and Surgery 1-8. DOI: 10.1177/1098612X18764246