Gabapentina: uma medicação humana e a sua transferência ambiental a níveis detetáveis em cavalos de corrida
A gabapentina é uma das medicações de prescrição mais comuns em medicina humana, que também pode ser utilizada legalmente para fins recreativos nos Estados Unidos da América. Este artigo trata de um relato de caso de um cavalo de corrida, Standarbred, que correu no estado de Ohio, ganhou e testou positivo para gabapentina durante a triagem de doping. O laboratório de toxicologia analítica do departamento de agricultura do Ohio detetou a presença suspeita de gabapentina na triagem, que mais tarde foi confirmada numa amostra sanguínea colhida após a corrida, a concentração no soro era de 273 pg/ml. Esta concentração é um “positivo” baixo e situações semelhantes já tinham ocorrido com esta substância noutra corridas no Ohio. Aparentemente a exposição dos cavalos não era intencional, mas sim aleatória e ambiental.
Este resultado positivo implica o pagamento de uma coima e 15 dias de desqualificação. Como a origem da substância era, os proprietários não tinham a possibilidade de prevenir estes resultados positivos. Uma situação semelhante já tinha ocorrido com uma substância relacionada com anfetaminas que aparecia nas triagens de doping, mais tarde veio-se a descobrir que era o resultado da metabolização de levamisole, um anti-helmíntico para equinos.
A causa suspeita foi a excreção humana de gabapentina para o ambiente, uma vez que é a 11ª medicação mais prescrita nos Estados Unidos da América e é excretada sem qualquer alteração para o ambiente. Depois de mais investigação, os casos de cavalos com positivos de concentração baixa foram relacionados com humanos que tinham prescrição para gabapentina. Um incidente similar ocorreu na California onde há relatos de cães que tomavam esta prescrição e tinham acesso a estábulos expondo os equinos presentes à substância.
Para concluir é plausível que a gabapentina seja transferida para cavalos através do ambiente tendo como fonte os humanos. As quantidades detetadas em cavalos são mínimas, e estes achados apoiam a decisão da comissão de corridas do Ohio em aumentar o limite para 8 ng/ml de gabapentina no plasma equino. Permitindo assim que cavaleiros, tratadores e as suas mascotes possam tomar a sua medicação sem arriscarem testes positivos nos seus cavalos.
Brewer, K. et al. (2022) ‘Gabapentin, a human therapeutic medication and an environmental substance transferring at trace levels to horses: a case report’ Irish Veterinary Journal. 75(19)
DOI: https://doi.org/10.1186/s13620-022-00226-5