Exame oftalmológico em furões
As patologias oculares em furões são raramente reportadas. Este artigo foca-se nas que mais frequentemente afetam a córnea e a conjuntiva de indivíduos Mustela putorius furo e descreve algumas técnicas práticas que permitem uma avaliação rigorosa dos seus olhos.
Na maioria dos casos, a contenção física é suficiente. Caso o animal mostre sinais de agressividade ou seja necessário realizar exames mais invasivos, pode administrar-se midazolam ou butorfanol. Há pouca literatura sobre o modo como estes fármacos podem afetar os parâmetros oculares dos furões por isso assumem-se os conhecimentos gerais sobre os outros animais de companhia.
Tendo o furão contido, o exame do olho pode fazer-se com um transiluminador de Finoff e lupas ou recorrendo à oftalmoscopia direta. Esta última técnica é excelente para examinar a córnea. Podem usar-se testes de Schirmer e fluoresceína mas a interpretação dos resultados não é tão fácil como noutros animais. Ao avaliar a pressão intraocular é preciso ter em conta que o sexo e o ritmo circadiano podem influenciar os resultados.
Nesta espécie, a maioria das conjuntivites é secundária à existência de camas de fraca qualidade e/ou sujas ou de doenças infeciosas como a esgana canina e a salmonelose.
Apesar dos seus pequenos e bem protegidos olhos, a estrutura corneana dos furões é semelhante à dos outros animais, o que explica a sua suscetibilidade a traumas superficiais. A elevação da terceira pálpebra ou a presença de edema corneal podem ser indicações precoces de ulceração da córnea. No artigo completo descreve-se a abordagem terapêutica a diferentes tipos de úlcera. Os casos reportados de queratite linfoplasmocítica são raros.
Não há dúvidas de que ainda há muito por aprender sobre os olhos deste popular animal de estimação. Examiná-los pode ser um desafio, mas pode dar-nos valiosas pistas sobre a presença de outras patologias.
Myrna, K. and Girolamo, N. Ocular Examination and Corneal Surface Disease in the Ferret. Vet Clin Exot Anim 22 (2019) 27–33. https://doi.org/10.1016/j.cvex.2018.08.004