Discinesia paroxística em cães
Em 1984 foi reportado o primeiro caso de hipertonicidade muscular episódica em cães Norwich terrier (NT) e, desde então, poucos têm sido os estudos com o intuito de compreender melhor esta condição. A discinesia paroxística pode ser hereditária ou adquirida e primária ou secundária. Em cães, têm sido reportados cada vez mais casos, em diferentes raças, que se caracterizam por episódios de hipercinesia em que a postura e a locomoção são comprometidas sem haver perda de consciência.
Esta investigação focou-se em descrever melhor esta condição em cães da raça Norwich terrier, considerando os sinais clínicos, progressão clínica, história familiar e prevalência no Reino Unido. Para tal, 198 questionários foram analisados e, após rever os relatórios clínicos, interpretar os vídeos (quando disponíveis) e contactar alguns tutores, concluiu-se que 26 dos animais estudados apresentavam discinesia paroxística.
Em todos os 26 casos, os animais apresentavam-se neurologicamente normais entre os episódios e não houve alterações significativas nos valores das análises bioquímicas e hematológicas. Além disso, o estado de alerta, segundo os tutores, mantinha-se inalterado durante as ocorrências e, de acordo com a opinião de alguns, os cães pareciam antever cada episódio pois, antes destes, aproximavam-se/procuravam o humano mais próximo.
Todas as ocorrências eram limitadas no tempo e não excederam os trinta minutos, sendo que na maioria delas, os animais não foram capazes de se levantar. Entre os fatores desencadeadores descritos, a excitação e o stress foram os mais comuns. Em cinco situações implementaram-se alterações na dieta mas a sua eficácia na redução dos episódios foi variável.
A discinesia paroxística em NTs pode comparar-se à discinesia paroxística não cinesiogénica dos humanos, principalmente pela semelhança entre os fatores desencadeantes mais frequentemente associados. Neste estudo, além de os médicos veterinários poderem encontrar ferramentas importantes para facilitar o diagnóstico desta condição, dá-se ênfase também à importância de se realizarem mais estudos genéticos que permitam de alguma forma prevenir a ocorrência de episódios em mais animais.
Del Risio L. et al. Paroxysmal Dyskinesia in Norwich Terrier Dogs. Wiley InterScience, May 2016. DOI: 10.1002/mdc3.12334