Contágio de emoções entre papagaios

13 June 2023 -

Do mesmo modo que o riso em roedores e primatas (incluindo o Homem) é propagado de um indivíduo para outro, algumas vocalizações entre papagaios da Nova Zelândia (ou Kea) também parecem ser contagiosas.
Os indivíduos da espécie Nestor notabilis são conhecidos pelo seu comportamento de brincadeira complexo e por emitirem sons peculiares (gorjeios, também conhecidos por “warble calls”).
Para perceber se estes sons poderiam atuar como contágio emocional positivo entre coespecíficos, os autores deste estudo recorreram a várias reproduções acústicas. A experiência demorou 15 minutos, os quais foram divididos em 3 partes iguais. A única parte em que se reproduziam sons foi a intermédia e as restantes definiram-se como período pré e pós respetivamente.
Além dos cantos de brincadeira, foram também reproduzidos outros dois tipos de sons típicos destes papagaios e não associados à brincadeira, vocalizações de outra ave e um ruído padronizado. Os comportamentos foram observados e registados considerando as interações sociais e o comportamento de brincadeira/jogo.
Os gorjeios parecem estar relacionados com uma maior frequência e duração de brincadeira quando comparados com os períodos anteriores ou subsequentes à sua reprodução ou durante a reprodução do som padronizado. Outra conclusão curiosa é a de que os indivíduos desta espécie parecem preferir começar uma brincadeira com outros indivíduos que não o estejam a fazer ou com um objeto do que integrar uma atividade lúdica decorrente. Isto sugere uma maior probabilidade destes cantos funcionarem como um contágio emocional positivo, ao invés de serem um “convite” para os coespecíficos.
Os autores desta investigação também advogam que o comportamento social de brincadeira/jogo entre adultos Kea de ambos os sexos é espontâneo e acontece sob as mesmas circunstâncias que as suas brincadeiras em juvenis.

Schwing R et al. Positive emotional contagion in a New Zealand parrot. Current Biology 27, R199–R217, March 20, 2017. http://dx.doi.org/10.1016/j.cub.2017.02.020