Conhecimento e comportamento preventivo da toxoplasmose
nas mulheres grávidas de Imperatriz (Maranhão, Brasil)
A toxoplasmose é uma infeção causada pelo parasita Toxoplasma gondii que afeta todos os animais de sangue quente, incluindo os humanos.
O parasita é eliminado nas fezes dos felinos (o único hospedeiro definitivo de Toxoplasma gondi), que o contraem ingerindo presas infetadas, carne crua ou mal cozinhada. Os humanos normalmente contraem-no comendo carne crua ou mal cozinhada e vegetais contaminados (mal lavados).
No caso das mulheres grávidas, o risco de infeção congénita é menor quando a infeção materna ocorre durante o primeiro trimestre (10-15%) e maior quando a infeção ocorre durante o terceiro trimestre (60-90%). No entanto, a infeção congénita mais grave ocorre normalmente durante o primeiro trimestre.
O estudo seguinte foi realizado para avaliar o conhecimento e comportamento preventivo da toxoplasmose relacionada com as condições socioeconómicas, pré-natais e ambientais das mulheres grávidas na Estratégia de Saúde da Família (ESF) na cidade de Imperatriz, Maranhão, Brasil.
Neste estudo transversal, foi aplicado um questionário estruturado e previamente testado a uma amostra de 239 mulheres grávidas. A idade média era de 24,4 anos.
A maioria das mulheres grávidas (55,6%) afirmou não saber nada sobre a toxoplasmose e apenas 23,4% tinham sido informadas sobre a doença. Aquelas que afirmaram ter conhecimentos referiram que: “É uma doença causada por gatos” (28,3%), “as fezes dos gatos contaminam” (17,9%), “ocorre ao comer alimentos contaminados” (5,6%); 64,0% disseram não ter recebido instruções dos profissionais de saúde sobre como evitar a doença. Entre aquelas que receberam instruções, 51,2% foram informadas para lavar muito bem a fruta e os vegetais, para não alimentar os gatos com carne crua ou mal cozinhada, para não terem qualquer contacto com gatos ou as suas fezes. As consequências mencionadas foram: “doença mental”, “o bebé pode ser infetado”, “malformação”, “cegueira” e “deficiência”.
Em geral, o conhecimento das entrevistadas neste estudo era limitado, embora um número considerável estivesse ciente de medidas para prevenir e evitar a toxoplasmose durante a gravidez. A maioria praticou comportamentos preventivos adequados, em particular higiene alimentar (lavagem de utensílios de cozinha com água e sabão quente após contacto com carne crua ou frutas e vegetais não lavados). No entanto, os comportamentos não preventivos foram fortemente associados a fatores de risco como o contacto com gatos, ingestão de carne crua ou mal cozinhada, contacto com gatos em casa, limpeza de fezes de gato ou manipulação de ninhadas de gato.
Em suma, são necessárias medidas preventivas mais abrangentes, como políticas de saúde pública e educação que tenham em conta os aspetos económicos, sociais, ambientais e culturais.
da Silva Moura I.P et al. (2019) Toxoplasmosis knowledge and preventive behavior among pregnant women in the city of Imperatriz, Maranhão, Brazil Lugar: Cien Saude Colet
DOI:10.1590/1413-812320182410.21702017