Como devemos alimentar os psitacídeos?
Os psitacídeos são muitas vezes escolhidos como animais de estimação pela sua cor, habilidades vocais, longevidade e comportamento. No entanto, os tutores sabem muito pouco sobre as suas necessidades nutricionais, o que poderá levar a situações de saúde dramáticas. Um dos aspetos fundamentais a reter é que os psitacídeos, tal como os Homens, selecionam os alimentos pelo prazer que o seu consumo lhes transmite.
Estudos prévios demonstraram que várias aves de estimação, alimentadas com sementes ou comida humana, apresentavam défices de cálcio e das vitaminas A e D3. O excesso de gordura e a falta de proteína é também uma realidade que precisa de ser contrariada pois a alimentação destes animais influencia diretamente o seu tempo e qualidade de vida, aspeto físico, sucesso reprodutivo e imunidade.
Neste artigo de revisão, os autores descrevem alguns fatores a considerar para melhorar a alimentação dos psitacídeos e a sua ligação com os tutores.
Um erro comum é suplementar a água com vitaminas e minerais pois, além do consumo de água ser altamente variável consoante as espécies, as vitaminas A e C são sensíveis à luz. As hipervitaminoses secundárias à suplementação são também relativamente comuns.
Outra consideração importante é que aves alimentadas com sementes são mais propensas à obesidade e têm maiores dificuldades reprodutivas devido à falta de cálcio, lisina e vitaminas A e E.
A formulação de misturas de sementes espécie-específicas baseia-se, muitas das vezes, no tamanho do bico (e consequente tamanho das sementes) e na preferência aparente das espécies, desvalorizando as necessidades individuais, dependentes do estado fisiológico do animal. Geralmente estabelecem-se dois tipos de dietas: crescimento e manutenção.
A nutrição e o comportamento estão interligados e as diferenças entre a vida em cativeiro ou no seu habitat natural são enormes. No estado selvagem, as aves passam cerca de 90% do seu dia à procura de alimento e a cuidar da penugem e contactam diariamente com os seus coespecíficos – situações impossíveis em cativeiro. Como tal, os tutores devem assegurar a existência de objetos que permitam atividades enriquecedoras e semelhantes à vida no estado selvagem, durante o momento da alimentação (e não só). O comportamento das aves enquanto se alimentam deve também ser regularmente monitorizado pois dá-nos pistas importantes sobre o seu estado de saúde e bem-estar.
F. Péron and C. Grosset. The diet of adult psittacids: Veterinarian and ethological approaches. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, July 2013.