CASE REPORT: Uma ratazana com linfangiossarcoma subcutâneo

Os linfangiossarcomas são tumores malignos e bastante raros que têm origem nas células endoteliais dos vasos linfáticos. Em medicina veterinária, já foram descritos em cães, gatos, cavalos, numa vaca e numa lontra asiática mas este parece ser o primeiro caso clínico publicado em ratazanas domésticas.

O caso descrito ocorreu numa fêmea de ratazana adulta que apresentava uma massa subcutânea, firme e indolor, na região da axila esquerda. Os restantes parâmetros do exame físico, assim como os valores das análises sanguíneas, estavam dentro do normal.

Procedeu-se à remoção cirúrgica da massa enviou-se a mesma para análise histopatológica, a qual confirmou o diagnóstico de linfangiossarcoma. Iniciou-se então quimioterapia metronómica com toracenib, fármaco inibidor de alguns recetores da tirosina cinase.

Três meses depois, surgiram duas novas massas e o paciente foi novamente examinado. O restante exame físico não tinha alterações consideráveis, excetuando os dois novos tumores: um no peito e outro na região inguinal. A histopatologia revelou que o primeiro se tratava de um linfangiossarcoma e que a outra massa era um fibroadenoma mamário.

Seis meses mais tarde, a ratazana morreu devido a um problema gastrointestinal agudo que nada faria prever pois o animal sempre aparentou estar estável. De qualquer forma, como não houve permissão para realizar necrópsia, não podemos excluir a possibilidade de haver uma patologia concomitante que não fosse visível externamente.

É normal haver recorrência neste tipo de neoplasias uma vez que é difícil conseguir fazer a excisão da massa com boas margens. Neste caso em particular, foi identificado um segundo linfangiossarcoma cerca de 3 meses após a primeira cirurgia – um período relativamente longo se considerarmos que a esperança média de vida das ratazanas varia entre os dois e os três anos e meio.

Esta publicação realça a necessidade de incluir “linfangiossarcoma” na lista de diagnósticos diferenciais quando estamos perante ratazanas com massa(s) subcutânea(s). Além disso, são necessários mais estudos para determinar a prevalência e até procurar possíveis fatores predisponente para estas situações.

Soler V. et al. Subcutaneous lymphangiosarcoma in a pet rat (Rattus norvegicus). Journal of Exotic Pet Medicine (2019) 28-31. https://doi.org/10.1053/j.jepm.2019.06.003