A importância dos morcegos
Os morcegos são associados a vários mitos e lendas que muitas vezes os desprestigiam. No entanto, o seu valor nos ecossistemas é irrefutável já que eles representam um quarto de todas as espécies de mamíferos.
Todos os indivíduos têm características particulares, nomeadamente no que diz respeito aos comportamentos de caça e ao uso do biossonar. Porém, é comum à maioria dos morcegos intensificar a emissão de ultrassons à medida que se aproximam da presa, não só para a ecolocalizar melhor mas também para alertar os seus coespecíficos sobre a presença de insetos nas proximidades.
Os morcegos associam-se também a zoonoses e a sua resistência a vírus como o Ébola e o Marburg continua a intrigar os investigadores. A maior teoria para explicar o facto de serem portadores de doenças fatais sem ficarem doentes é a possível relação entre a vida no ar e uma maior tolerância ao vírus como resposta ao DNA livre no citosol.
Atualmente há 1.261 espécies de morcegos incluídas na lista vermelha da IUCN, principalmente devido a destruição do habitat, redução do alimento disponível (insetos) e uso de pesticidas. Além disso, em locais como a ilha de Makira, os morcegos também são caçados para o consumo da sua carne e extração dos seus dentes.
As particularidades exóticas deste mamífero peludo fazem dele uma atração popular para muitos entusiastas da vida selvagem e, de facto, os passeios de observação de morcegos estão a tornar-se cada vez mais famosos em cidades como Dusseldorf. Este tipo de atividades é uma forma de sensibilizar as populações para a necessidade de conservar as espécies. Na verdade, se soubermos mais sobre o sistema imunitário dos morcegos e tomarmos medidas para cuidar do seu habitat natural, podemos prevenir surtos virais, fatais para o Homem. Estes animais desempenham também um papel muito importante no controlo de pestes.
Gross, M. Why we should care about bats. Current Biology 29, R1163–R1173, November 18, 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/j.cub.2019.10.053